sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ser radical e bruto

Acusaram-me de ser demasiado radical e bruto porque sugiro penalizações muito graves para certas falcatruas, nomeadamente no caso dos médicos que complementam os seus rendimentos com 'prendas' e 'estímulos' da industria farmaceutica, sobre os quais afirmei que poderiam/deveriam perder a carteira profissional.

Posso até ser bruto e radical mas não é por isto. O que para mim conta é o princípio da coisa: alguém que tem uma responsabilidade grande sobre a vida de terceiros não pode simplesmente demitir-se das suas obrigações deontologicas a troco do que quer que seja, ainda para mais quando ganha, merecidamente diga-se, bastante acima da média. Haverá outras profissões que, apesar da falta de ética que certas acções podem representar, não envolvem terceiros vulneráveis e podemos até admitir alguma benevolência se a situação for ocasional. No caso dos médicos isto não me parece razoável. Se acham que os rendimentos auferidos na profissão são poucos, podem sempre fazer outra coisa.

Além disto há também os incentivos. Se fosse claro que era muito provável perder a carteira profissional caso se fosse apanhado em acções eticamente reprováveis, tinhamos imediatamente um incentivo para que tais acções não ocorressem. Se a penalização for apenas 'conversa', temos o ambiente perfeitamente descrito por um famoso comentador da nossa praça: "É proíbido, mas pode-se fazer!". Boa Marcelo!

Sem comentários:

Enviar um comentário