sábado, 21 de maio de 2011

Índice de Gini 1 - Assimetria nos rendimentos

O Índice de Gini é uma medida da desigualdade de uma dada distribuição. Esta medida, aplicada aos rendimentos dos agregados num dado país, é comummente utilizada como um indicador do desenvolvimento social e justiça na distribuição dos rendimentos. O índice varia entre 0 e 100, sendo que 0 corresponde à situação em que todos ganham exactamente o mesmo, e 100, caso em que um agregado tem todos os rendimentos não deixando absolutamente nada para os restantes.

É óbvio que qualquer das situações extremas neste índice é muito problemática, pelo que algures pelo ‘meio’ teremos um equilíbrio saudável. Mas como podemos saber onde andará este ‘meio’? Parece não haver uma forma fácil de o saber. No entanto, na prática temos bastantes pistas que nos dão uma ideia muito clara donde este se deve situar, nomeadamente o índice dos países que consideramos equilibrados nesta matéria.

Invejamos frequentemente os países do Norte da Europa pela sua riqueza e justiça social. Abaixo podemos ver um gráfico que compara a evolução desde índice entre 1995 e 2009 para Portugal e alguns países nórdicos. É notória a convergência destes apesar do desvio evidente em relação aos idos anos 90 e, é ainda mais notória, a nossa divergência em relação a este grupo de países. Os dados apresentados são do EUROSTAT via PORDATA.


Se os dados fossem os da OCDE, a situação portuguesa seria ainda mais problemática ultrapassando os 40% no índice em causa. Na Europa somos os últimos. Na OCDE só ficamos à frente do México. Fraco consolo.

Mas o que isto nos diz? Fácil e evidente se olharmos para o gráfico abaixo que detalha a distribuição dos rendimentos por classes (os dados deste foram obtidos a partir do wolframalfa e são algo datados mas servem o propósito ilustrativo, além de que as coisas não mudaram assim tanto nos últimos 10-15 anos).

As barras da mesma cor, que correspondem ao mesmo país, se empilhadas, perfazem 100%. Algumas leituras possíveis: os 20% mais ricos de Portugal detêm cerca de 46% de todos os rendimentos do país. Em contraste, os 20% mais ricos de qualquer dos países nórdicos apresentados detêm apenas cerca de 36%. Os 20% mais pobres de Portugal acumulam pouco mais que 5%. Em contraste, na Finlândia os 20% mais pobres detêm cerca de 10% dos rendimentos do país como um todo.

Se fosses rico e pudesses escolher, escolherias Portugal. Ser rico em Portugal é ser mais rico, em média, do que em qualquer país nórdico. Se fosses pobre, não terias dúvidas que ficavas, de longe, mais bem servido no norte, pois qualquer pobre em Portugal é, em média, bem mais pobre que num país nórdico. Se pudéssemos escolher, claro!

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